Vivenciando a Consciência Pura: 11/17/15

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A ultima existência

Allan Nagy

"Hoje, consigo lembrar de todas as cicatrizes.Hoje a solidão já não me assusta mais,ela e apenas um hospede indesejado que me persegue como uma sombra maliciosa."

Eram as últimas palavras da minha existência.

Tudo começou com meu nascimento, que bem devido ao uso abusivo de drogas e absorção de livros problemáticos como Allan põe, Kafka,Nietzsche e Sade; já não conseguiria descrever a infância tão bem quanto antes.

Muitas informações agitavam minha cabeça, muitas insanidades, muitas insatisfações e muitos alucinógenos enquanto lia algo que poderia me destruir, enquanto rolava o som de Mozart em meu quarto todo pichado com frases escritas e sujas.

Perdão acho que pulei da infância para juventude, voltando ao passado que não me pertence,não pertence nem mais nem a mim e nem a vocês, como um fato que já se foi de forma em que não deveríamos ter nenhuma significância nesse mundinho pequeno.. Acho que filosofei demais,
OK.

Vamos ser simples, 1..3.2.. Ops.. 1..2...3    1..2..3 e já!

Voltando ao passado, tudo começou na infância, era muito feliz,muito agitado e verdadeiro, já desenhava desde criança, tinha uma apuracidade a arte.Era verdadeiro e sentimental.

As crianças costumam expressar suas realidades e sentimentos sem medo do mundo ou de achismos, e sentem a intensidade são lúdicas, choram sorriam e vivem a profundidade de suas essências.

O problema é..
Bem.

Eu nunca passei da idade de criança por mais que tenha crescido.

A única coisa que me lembro é que eu gostava de pular da beliche para conhecer o mundo, enquanto mamãe fazia o leite para eu dormir. Gostava de quebrar regras, poder sair daquela beliche era tão libertador quanto matar ritler com uma sniper russa.

Enfim até a infância foi tudo OK,

O problema começou a se agravar quando eu via meus coleguinhas do primário voltando em um carro luxuoso com papai e mamãe juntos, quando choravam e os país buscavam na escola, nunca entendi porque meu pai e minha mãe não estavam juntos, RS que viadagem né.

Enfim, eu gostava de roubar o lanche da tarde dos meus colegas, que era mais gostoso..
Porque não podia comer a porra do danoninho a tarde, eu só tinha um pão com ovo e mortadela que as vezes me fazia arrotar podre.
Me sentia tão bem fazendo algo errado, talvez seja por ódio ou inveja, eu acabei me tornando aquele tipo de criança que roubava o seu lanchinho da tarde e quebrava seus brinquedos caros enquanto eu só podia ter um ursinho velho com olho furado parecido com o meu.

Me lembro também uma vez em que era festa junina e eu não sabia, eu fui para escola e meus colegas estavam todos vestidos com chapéus de palhas e aquela coisa toda. infelizmente me assustei porque eu era o único que não estava vestido, comecei a chorar e ligaram pra minha mãe, minha mãe coitada ela trouxe as roupas pra mim. No final tudo acabou bem, mas eu era sempre o mais desligado, o mais esquecido, o mais viajado, se tivesse lembrado da festa junina, Mas tudo bem, eu nunca fui o melhor, nem o mais dedicado, e nunca quis ser também.Tinha dislexia, ate hoje não consigo escrever o z do lado certo.Fui aprender a escrever e ler muito tarde. E quando meus colegas foram pró próximo ano, foi incrível essa sensação!

Eu tinha entrado na sala achando que tinha ido para 2 série, mas.
Não.. Me chamaram e disseram que eu tinha repetido! Repetido a 1 série! Me senti sozinho e solitário de novo, largado no mundo como algo que deu errado.

Minha mente era tão fértil que dava pra engravidar ela 3 vezes com a mesma esperma.

Enfim, fui crescendo e sempre quis ser aqueles caras maneiros e mais velhos, eu  era sempre  zoado, o coitado e patinho feio.

Lá pela 7 à 8 serie
E tinha os caras maus, que ficavam fumando cigarros na porta de escola, com suas jaquetas de coro e sua invulnerabilidade às dores do mundo. Teve um dia que um desses caras, aliás! Eu até lembro o apelido dele era Joe hate, esse cara pegou um mauricinho da minha sala que se esnobava.

OK eu achava esse mauricinho maneiro também, aliás eu queria ser quinem esse cara, (esse mauricinho era loiro sabe de topet com cabelo bem grosso e desfiado, usava perfume, camisas e tênis de grife e toda essa palhaçada, entrava de óculos escuros na sala e pegava todas as minas.)
Um dia esse cara da minha sala tirou uma comigo, eu fiquei mal,afinal eu me espelhava em ter uma vida estética que nunca tive, como ele tem.
Mas alguns dias depois tudo mudou, o o mauricinho quis tirar satisfação com o Joe hate, porque o Joe pegou a mina que o mauricinho tava namorando.
Enfim tava todo mundo lá fora fazendo rodinha.. O Joe disse "toda mulher gosta de um garoto mal,podre e vagabundo, você é tão babaca que deve ser aqueles caras que usam lenços umedecidos depois de um sexo papai e MAME"
E logo em seguida Joe deu um soco em seu nariz, kkk o cara ficou jorrando sangue caído no chão.. Com um soco!.

Porra foda se o mauricinho querido por todos, eu quero ser o Joe hate!, o Joe combinava com o estilo de vida que fosse dotar, afinal eu sou o cara que deu errado, o vagabundo,podre sujo, que não sabe nem escrever a letra z do lado certo.
Então comecei a andar com os bad boys, fumar cigarros e curtir um bom rock'n'roll de arruaceiro.

Encontrei minha turminha, eles são os caras que deu errado, os caras que nasceram fedendo merda. Todos nos sentíamos ódio pela humanidade, e muitos de nos sentíamos porque podemos sentir!.
Éramos malvados, as jaquetas de couro eram armaduras, éramos invulneráveis, ninguém tentava arranjar discussão, mas no fundo não passávamos de crianças mal amadas e sentimentais.menos o Joe, porque o Joe era uma espécie de psicopata que só queria bagunçar o mundo e tacar fogo em tudo.
Enfim, depois de tanta rebeldia, diferente deles eu fui adotando um outro método de rebeldia.
Eu queria entender o porque as coisas eram assim..por que a vida era uma bosta, porque era legal encher a cara, usar drogas e quebrar as santa aparecida no chão.

Então recorrido a livros, livros de filosofia, psicologia e literários.então enlouqueci totalmente, eu estava um rebelde mais para um lado melancólico e intelectual.. Não deixava de fazer minhas merdas tipo ficar muito loco e cortar o braço pra saber como e o gosto do sangue. Mas tudo que fazia ficou se tornou peças teatrais e formas poéticas, tinha que ter um significado tudo aquilo e eu sempre finalizava com alguma frase de Nietzsche ou Sade.
O meu grupo começou a estranhar com o tempo eu comecei a achar eles babacas eles eram podres por ser. Não tinha muito significado, eu gostava de ser podre por diversos motivos, como a hipocrisia humana e etc..

Então conheci 3 escritores, um que se denominava alquimista do niilismo, outro que apelidados de  comediante do watchmen(inclusive peguei até um humor sátiro da vida influenciado por ele), e a garota que nos chamávamos de Cherry a estranha, ela vivia estressada, de saco cheio e te olhava feio quando falava algo que não gostasse.
Ela era bem esquisita mesmo, nos ficávamos estranhando quando ela dizia que podia contrair todos os ossos de seu corpo.

A menina era bem endemoniada mesmo, mas era gente boa. Ok gente boa do mal. Fundamos a sociedade dos poetas mortos, íamos a cemitérios dançar músicas celtas, beber oferenda dos mortos e trepar em cima do caixão, é claro não com a Cherry, ela era estranha..  Com as ninfas que encontrávamos ou chamávamos.
Éramos poetas malditos, poetas amaldiçoados pela existência, procurando prazer com coisas relacionadas a morte.

O grupo estava indo bem. Bem.. Nem tão bem assim, eu queria escrever um livro, outro montar uma banda,  e a garota eu não sei o que ela queria muito bem.Enfim.. Nos separamos, eu fui ficando mais velho e me desapegado dessa vida maluca, principalmente quando encontrei alguém para amar.
Uma menina bobinha. Feliz.. Talvez tenha me apaixonado por ela porque ela tinha a inocência de uma criança.ficamos um tempo razoavelmente bem, estava voltando a virar gente. Seu amor e seu jeitinho dócil amenizou minhas dores. Convivia um pouco com sua família, adorava quando ela e minha sofra faziam estrogonofe pra mim. Almoçávamos juntos, e minha namorada tinha aqueles padrões familiares que eu sentia falta.todos juntos na mesa, seu pai sua mãe e seu irmão. Uma boa comida apreciável e assistíamos aqueles filmes hollywoodianos com pensamentos morais e politicamente corretos.foi uma época boa, uma época de paz e serenidade.
Até um dia ela terminar, bem ela tinha razão eu era fraco, sensível e não conseguia largar as drogas.

Depois deste dia eu voltei de novo a caverna da perdição, muitos roles muitas loucuras,brigas e fugas da realidade. Não podia suportar a dor que sentia.. Éramos muito apaixonados, a ponto de sorrirmos naturalmente nos olhares. Nunca brigamos muito, nunca teve ciúmes por parte dela, era um relacionamento estável, até ela descobrir que eu estava fumando maconha no banheiro da escola.
Eu não lembro muito bem depois o que aconteceu comigo quando acabou .. Você sabe eu e ela.
Eu me afundei em um abismo muito grande, e até hoje tenho um amigo que nunca deixou de ser meu amigo mesmo do feito que estava. Ele presenciou minha queda, e nunca desistiu de mim.. Apesar de muitos já terem desistido, apesar de eu ter desistido.Ele sim e um verdadeiro amigo, hoje posso dizer, porque eu não era legal , era egoísta.. Era drogado e deixava muita decepção com as pessoas e minha família. No fundo eu estava sozinho.. E quando me deparei estava tao chapado que não lembrava nem meu nome. Lembro até hoje as paredes do mej quarto pichadas da brincadeira de "bixo bebê". A bilbia toda rasgada em mateus para bolar um baseado e ver se algo sagrado entrava na mente.
A arte da guerra também toda rasgada, meus livros todos bagunçados, minha jaqueta fedendo vômito. Meu coco verde e meu rosto chupado.

Nesse meio tempo encontrei alguém também, alguém que curtia a vibe da decadência. A garota me amava de verdade, e me amava tanto de uma forma tão doentia, eu achava isso massa. Nos éramos o casal de noinhas, ficávamos chapados toda hora, acho que nunca passamos um bom tempo sóbrios. Qualquer coisa que nos deixasse loco estávamos lá.

Tipo jogados no chão abraçados enquanto os ratos andavam em nossas roupas. Não deu muito certo, eu maguei muito ela eu era um tremendo filha da puta. E ela sempre me perdoava. Talvez ela não tivesse amor próprio por ela, a ponto de depender de mim que também não tinha amor próprio.
Terminei com ela e até hoje me arrependo de iludi lá. Eu amei ela sabe, mas era complicado. Então eu fiquei sozinho como um cavalheiro solitário, aliás no fundo eu sempre acabei sozinho por onde passasse. Eu sempre fui sozinho comigo. Podia estar em qualquer lugar mas sempre me sentia sozinho.

A solidão já não me amedrontava mais, ela era  um parasita que me perseguia como era uma sombra maliciosa.essa sombra fala comigo até hoje, porém aprendi a não dar muita bola.
Ainda me sinto sozinho, afinal ninguém poderá entender da forma como entendo. Hoje eu levo tudo isso como uma piada. A vida e uma piada de mal gosto.
Talvez a vida não merece mais nenhuma lágrima minha, não sou eu que devo me adaptar a vida agora! A vida que se adapte a mim, porque eu sou uma piada.